Concurso Weefor

O projeto para o 3º Aberto Nacional de Arquitetura WEEFOR ARQ tem como objetivo reconstituir e caracterizar a esquina entre as ruas Mato Grosso e Amazonas do bairro Água Verde, em Curitiba. Em resposta ao edital, que sugeria um bloco e caixa de circulação únicos, nosso projeto propõe uma lâmina em forma de “L” que marca a esquina da cidade com seu vértice arredondado e cria um ponto de referência na paisagem.

O caráter do edifício remete ao período do loteamento original, realizado na década de 1930. Manifestações dessa época de qualidade podem ser encontradas no centro da capital paranaense. Projetos compunham uma matriz construtiva de qualidade para o incipiente processo de metropolização da cidade, no qual a rua era o local privilegiado dos encontros, das trocas e da reprodução da vida cotidiana; qualidades que buscamos aqui recuperar.

O edifício proposto se apoia na escolha cuidadosa de materiais e cores, trabalhando com seus aspectos compositivos. Optamos por decompor a lâmina que faceia o perímetro em duas partes: na Rua Mato Grosso, na cor grafite, varandas servem para sombrear as faces do edifício e aumentar a relação com a rua; na fachada da Rua Amazonas, pintada na cor berinjela, brises verticais contribuem para filtrar o sol direto da tarde. O trabalho com as cores se estende aos outros elementos construtivos: guarda-corpos, caixilhos e floreiras, também são trabalhados para dar vida ao conjunto e à cidade.
O embasamento do edifício foi desenvolvido em uma cota plana a 1,40 metro acima da cota média da Rua Amazonas, próximo à cota existente no lote. Com essa estratégia, buscamos: 1) reduzir o volume de terra a ser retirado para implantação do subsolo e 2) estabelecer uma cota intermediária na rua Mato Grosso, com maior declive, de modo a permitir o acesso dos pedestres em nível para esse pavimento e para a loja. O acesso a ambos os níveis do estacionamento se dá por uma entrada única no ponto mais baixo do terreno, junto à rua Amazonas, otimizando o controle de acesso e o seu remanejamento.

A relação com a rua foi trabalhada de modo a acomodar os diferentes programas listados no edital. Na esquina, a loja de 200 m² foi estrategicamente posicionada em um terraço generoso e aberto à rua, aumentando a sua relação com a rua e criando um ponto de referência entre o encontro dessas vias que marcam o endereço do edifício. A entrada dos pedestres foi posicionada junto à circulação vertical do edifício, no ponto intermediário da Rua Amazonas; a partir dela e do lado esquerdo, foram organizados os programas condominiais – coworking, salão de festas e playground – enquanto do lado direito, 3 unidades tipo “garden”, se expandem para fora do perímetro da lâmina, criando uma relação dinâmica entre o ambiente interno e o externo.

Os demais usos condominiais, sobretudo aqueles mais privativos, foram posicionados no ático do edifício (cobertura). Nesse pavimento, se localizam a academia e o espaço gourmet que, junto ao solário, criam um espaço animado no topo do edifício, onde pode-se aproveitar as melhores vistas da cidade. Neste pavimento também foram implantadas 5 unidades tipo duplex, com seus respectivos terraços descobertos, que usufruem dos mesmos privilégios do espaço de uso comum.

No corpo do edifício, com sete pavimentos, foram instaladas 77 unidades, das quais cinco são em pavimentos duplex – e que somados às três unidades “garden” do térreo, resultam nos 80 apartamentos previstos pelo edital. A tectônica desse corpo é marcada pela esquina arredondada e envidraçada, que destaca o objeto arquitetônico do embasamento mineral e marca a mediação entre os espaços públicos e privados. Do lado interno, uma reentrância no volume permite iluminar e ventilar as circulações horizontais, além de criar um jardim amplo e ensolarado no térreo.

A estrutura do edifício foi desenvolvida com uma estrutura simples de concreto armado, com vão menores de 5,40m, vão maior de 7,20 e balanços a 1/3 do vão. Com apenas duas transições pontuais, praticamente todos os pilares percorrem do subsolo até o ático da torre, garantindo uma estrutura econômica e racionalizada. Os fechamentos em alvenaria, com marcações verticais pré moldadas e revestimento em massa texturizada contribuem para a economia do conjunto que dispensa componentes ou materiais custosos.

Desta forma obtemos um edifício que marca uma esquina da cidade que futuramente poderá se transformar em um marco da cidade e ponto de encontro junto à rua. Edifício que acomoda todo o programa listado pelo cliente, respeita os parâmetros urbanísticos publicamente definidos para o lote (gabaritos, recuos, taxa de ocupação e de permeabilidade) e também constitui um marco arquitetônico, que respeita o entorno e reforça as qualidade urbanas de uma cidade voltada para as pessoas.