Carro do Baco do Parangolé

Desenvolvido e aprimorado ao longo de dez anos, com baixíssimo orçamento, este projeto refere-se à concepção e construção coletiva de um carro de som para o bloco de carnaval de rua Baco do Parangolé. A ideia central consiste na criação de uma infraestrutura móvel capaz de manter a banda próxima ao nível da rua, preservando a relação direta com os foliões, ao mesmo tempo em que garante a propagação do som com nitidez e qualidade para as áreas mais distantes do bloco.

A estrutura-parasita, apoia-se sobre o veículo de carreto do comerciante de livros usados Eddie Toddin, sem danificar o chassi da Hyundai HR com parafusosos ou soldas. Uma estrutura principal em tubos de aço sustenta o pesado equipamento de som, elevando-o acima dos corpos para ampliar o alcance acústico. Complementarmente, uma estrutura mais leve em alumínio, com cobertura de acetato colorido, protege os equipamentos e os músicos da incidência direta do sol.

Todo o conjunto é fixado ao veículo sob pressão utilizando uma solução engenhosa baseada em estrutura desenhada para este fim com encaixes típicos de andaimes, articulações do tipo algemas e catracas de fita. Esse sistema permite a montagem e desmontagem rápidas, bem como o reaproveitamento integral da estrutura a cada novo desfile, sem danos ao veículo de apoio.

O sistema de som é alimentado por um gerador externo, transportado em uma Kombi com isolamento acústico, que acompanha o cortejo à frente do carro de som, minimizando interferências sonoras e vibrações indesejadas.

Anualmente, o acetato da cobertura tem sua cor alterada de acordo com o tema do desfile, e a estrutura metálica é repintada. O carro é então finalizado com um cuidadoso arranjo de folhagens, flores e frutos da Mata Atlântica, criando uma tensão deliberada entre a materialidade industrial da aparelhagem metálica e a organicidade dos elementos naturais.