Associação Comunitária Despertar
O projeto do edifício foi concebido como um equipamento educacional para a formação profissionalizante de jovens da periferia de São Paulo, integrando salas de aula, biblioteca, auditório e refeitório. A proposta adota estratégias passivas para garantir a eficiência energética e o conforto ambiental, com soluções como brises verticais e horizontais que protegem as fachadas da incidência solar direta, atenuam o ruído urbano e permitem a ventilação mesmo em dias chuvosos. As varandas funcionam como espaços de descompressão, promovendo a interação social e conectando os usuários ao exterior.
A ventilação cruzada, proporcionada por aberturas em fachadas opostas, renova constantemente o ar dos ambientes, contribuindo para a qualidade do ambiente interno e minimizando a necessidade de resfriamento artificial. No térreo, onde foram implantados os programas de uso coletivo, grandes aberturas conectam o edifício ao córrego Morro Grande, promovendo a circulação de ar resfriado e integrando o equipamento à paisagem local. A cobertura metálica com telhas termoacústicas ajuda a reduzir a massa térmica do edifício, permitindo que ele se resfrie naturalmente durante a noite ou em períodos de chuva.
A escolha dos materiais reflete um compromisso com a sustentabilidade e a economia regional, priorizando fornecedores locais e utilizando materiais reciclados e não-tóxicos, como tijolos de terra estabilizada, piso de linóleo e tintas ecológicas. A construção simples e funcional contribui para a redução de custos de manutenção e operação, enquanto as soluções de eficiência energética, como painéis fotovoltaicos e iluminação em LED, garantem a redução do impacto ambiental. Além disso, o projeto inclui a captação de água da chuva e o plantio de 102 árvores, reforçando a criação de um ambiente sustentável.
Situado em uma área urbana densa, o edifício também visa promover a recuperação ecológica do entorno. A recuperação das margens do córrego Morro Grande, com o plantio de espécies nativas, é um dos principais eixos da intervenção, buscando restaurar a biodiversidade local e melhorar a qualidade do ar e o conforto térmico na região. A proposta fomenta a mobilização comunitária, criando um espaço que favorece a educação e o fortalecimento dos laços sociais, ao mesmo tempo em que promove a conscientização ambiental.
A arquitetura do edifício reflete a identidade cultural da periferia de São Paulo, mesclando materiais e técnicas locais com design contemporâneo. O concreto aparente e a alvenaria, comuns na região, dialogam com as práticas tradicionais de construção, enquanto os brises e as varandas oferecem soluções de conforto térmico e social. O projeto integra elementos artísticos, como murais e espaços verdes, que homenageiam o patrimônio cultural da comunidade, criando um ambiente de pertencimento e transformação, onde educação, sustentabilidade e identidade local se encontram.
autores: guido otero arquitetura
colaboradores: nathalia pimenta (coordenadora) ,ana luisa calife, ewerton oliveira, nathielli ferreira ricardo, gabriela azzolini, clara troia e raphael fuly.
programa: educacional
status: projeto executivo
ano projeto: 2023-2024
endereço: cidade ademar, são paulo, sp
área: 2.400m²
estrutura: Ney Constantini
instalações: Teixeira e Souza Engenharia
luminotécnica: Light in Design
climatização: Willem Scheepmaker & Associados
cozinha: Erlise Tancredi